11 Apr 2019

E nada mais havendo a tratar


Deu-se início à reunião com todos os professores presentes. No primeiro ponto da ordem de trabalhos, o Quitério não tem hábitos de trabalho e está muitas vezes distraído. Se calhar tem TDA. A Francinela também está muitas vezes distraída e sonhadora, às vezes reclama com a professora se esta lhe chama a atenção, e mexe-se, deve ter TDAH. Aumentem-lhe ritalina e apliquem-lhe um PEI. O Tomásio não estudou nada, o melhor é mandá-lo para a sala de estudo ou arranjar-lhe um apoio, se não chegar, no terceiro período, aplica-se-lhe o apoio do apoio, para que se sinta bem apoiado. O Guilhermino faltou todo o segundo período porque tem fobia social e à escola, e à escola e social e a tudo, a professora de Inglês é de opinião que ela própria também tem fobias superlativas a momentos destes, o conselho de turma foi de opinião que o melhor é ela calar-se e deixar-se de merdas ou terão de aplicar-lhe uma medida correctiva. Já ao Guilhermino é melhor dar a nota, perdão, classificação do primeiro período, assim como assim, é uma boa nota e os pais não reclamam: alínea xpto 'foi atribuída a classificação do primeiro período porque sim e mais-que-também, blá, blá, blá.' A Marinela ultrapassou o limite de faltas injustificadas às disciplinas de sei-lá-o-quê, pelo que vai cumprir medidas de recuperação de aprendizagens que  também é uma coisa assim sei-lá-o-quê .
No segundo ponto da ordem de trabalhos, a Capitolina não estuda nada, e os paizinhos querem resultados, a Marcela nem passa nada para o caderno e quer boas notas, o Patrocínio não tem pré-requisitos, o Francisco não tem hábitos regulares e sistemáticos de trabalho, o Miraculoso vem doutro país e não percebe nada, nem se sabe o que está cá a fazer e na escola muito menos. Se não sabe por que é que aparece e logo na escola?
No terceiro ponto da ordem de trabalhos, os alunos não têm hábitos de trabalho regulares e sistemáticos, o que se refle(c)te nas suas classificações. Os alunos devem rever a sua atitude face à escola/percurso escolar (riscar o que não interessa). Os alunos devem rever o seu percurso escolar. Os alunos revelam falta de empenho. Os alunos devem colmatar as suas dificuldades com trabalho sistemático. Os alunos devem todos já e em força mudar para línguas e humanidades. Os alunos nunca serão capazes de fazer Física e Química / Biologia / Matemática (riscar o que não interessa, ah não, espera, só isto é que interessa, não risca nada afinal)
No quarto ponto da ordem de trabalhos, a professora de português reclama que eles não fazem nada, nadinha, como hão-de fazer exame, a de Física e Química também, a de Geografia idem, a de Biologia pois que sim, a de História está muito preocupada, e a de Filosofia junta-se ao molho que só tem exame em anos bissextos ou alunos bissextos mas não interessa e estão todos felizes neste coro de lamúrias e indignações. Lá fora chove também, o que ajuda bastante.
No ponto quatro da ordem de trabalhos, blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá.
No ponto cinco e  seis, idem.
No ponto sete da ordem de trabalhos, o conselho de turma considerou o aproveitamento da turma uma caca e o comportamento um cocó.
Num ponto qualquer da ordem de trabalhos foram lançadas as classificações dos alunos e ratificadas pelo conselho de turma.
E, nada mais havendo a tratar, deu-se por encerrada a reunião, da qual se lavrou a presente ata.

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