28 Mar 2020


Se calhar foi a Violeta que se lembrou que estávamos no fim do período e que estava na altura de fazermos a nossa habitual festa. A Libéria revirou os olhos porque é pespenica a roçar o irritante, exige a sua razão sobre os demais, e revira ainda mais os olhos se a contrariam. O Júlio por esta hora estava a colher afectos nos seios rotundos da Bibiana e concordou quando lhe perguntei se estava carente, concordou também com os olhos e espanou a brisa da primavera com a ponta do rabo de cavalo no colo da Bibiana. O Gabriel disse que ia falar com a mãe para fazer um bolo, e a Violeta achou por bem fazer uma lista de quem trazia o quê. Avisei que além do bolo traria uma toalha, e os rapazes alistaram-se nas coca-colas e sumos. Depois, a Catarina disse que ia trazer também uma torta de chocolate, e a Mirtila que trazia uns biscoitos do supermercado porque a mãe não tinha tempo e ela também não, que é um bocadinho aparentada da Libéria na pespeniquice, o Ramiro caiu este ano na turma e ficará por decidir se é tímido ou outra coisa qualquer, mas não se manifestou nem se alistou para sumos, coca-colas ou bolos, não lhe interessam festas nem coisa nenhuma, e escondeu-se como um gato, atrás da Bibiana, convencido da sua invisibilidade, e eu também nada disse, os gatos sabem mais do que nós e ele sabe que se esconde dele próprio e do crush pela Violeta. A Catarina sorriu por trás dos óculos e declarou feliz 'gosto tanto de si, stora' e eu sorri com o coração e com tudo o que tinha mas depois havia só e apenas rostos do lado de lá do ecrã sem bolos nem toalhas, o rabo de cavalo do Júlio nunca mais foi visto, os seios rotundos da Bibiana também lhe sentem a falta, até a Libéria ficou menos pespenica, e da Violeta há silêncio. Deste lado houve uma tristeza desolada.  Chamam-lhe também solidão. Adeus, miúdos.