Se calhar foi a Violeta que se
lembrou que estávamos no fim do período e que estava na altura de fazermos a
nossa habitual festa. A Libéria revirou os olhos porque é pespenica a roçar o
irritante, exige a sua razão sobre os demais, e revira ainda mais os olhos se a
contrariam. O Júlio por esta hora estava a colher afectos nos seios rotundos da
Bibiana e concordou quando lhe perguntei se estava carente, concordou também
com os olhos e espanou a brisa da primavera com a ponta do rabo de cavalo no
colo da Bibiana. O Gabriel disse que ia falar com a mãe para fazer um bolo, e a
Violeta achou por bem fazer uma lista de quem trazia o quê. Avisei que além do
bolo traria uma toalha, e os rapazes alistaram-se nas coca-colas e sumos.
Depois, a Catarina disse que ia trazer também uma torta de chocolate, e a
Mirtila que trazia uns biscoitos do supermercado porque a mãe não tinha tempo e
ela também não, que é um bocadinho aparentada da Libéria na pespeniquice, o
Ramiro caiu este ano na turma e ficará por decidir se é tímido ou outra coisa
qualquer, mas não se manifestou nem se alistou para sumos, coca-colas ou bolos,
não lhe interessam festas nem coisa nenhuma, e escondeu-se como um gato, atrás
da Bibiana, convencido da sua invisibilidade, e eu também nada disse, os gatos
sabem mais do que nós e ele sabe que se esconde dele próprio e do crush pela
Violeta. A Catarina sorriu por trás dos óculos e declarou feliz 'gosto tanto de
si, stora' e eu sorri com o coração e com tudo o que tinha mas depois havia só
e apenas rostos do lado de lá do ecrã sem bolos nem toalhas, o rabo de cavalo
do Júlio nunca mais foi visto, os seios rotundos da Bibiana também lhe sentem a
falta, até a Libéria ficou menos pespenica, e da Violeta há silêncio. Deste
lado houve uma tristeza desolada.
Chamam-lhe também solidão. Adeus, miúdos.