6 Jan 2019

Araucária


Em casa da minha avó havia uma. Era tão alta que chegava ao segundo andar e dava-nos as boas-vindas quando lá íamos pelo Natal, uma ou outra vez cobriu-se de neve, ocasionalmente pela Páscoa quando o compasso pascal obrigava a que as mamas da estatueta cinzenta fossem cobertas para não insultar o vigário, e no verão, quando as mamas da estatueta eram livres e tão jovens e firmes como na Páscoa, e não havia neve. Assim era a araucária. Hoje quando o sol poente me chamou da janela da cozinha vi uma araucária. O contraste escuro em escadinha contra o céu em listas horizontais coloridas. Nunca antes havia visto a araucária e não sei porque havia de a ver exactamente hoje neste jejum abstinente de fotografias a que este bicho de onde vos escrevo me impôs. Araucária ao poente na hora em que se escondem todos os males e se abrigam inquietudes, que bela fotografia, não ficou?

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