17 Nov 2019

Crónicas do sono #10


Podes vir agora que a noite se aninhou no luar e lá fora não há se não quietude, não silêncio. Podes vir agora que estendi o corpo e lhe sacudi os afazeres dos dias, obrigações, preocupações, que me afastam tanto de ti, ausências prolongadas que me põem exausta e consumida de vida. Vem agora, meu amor, que o corpo se aninha na lassidão do calor. Larguei os cachos na almofada, respiro com a doçura dos amantes felizes. Se vieres agora, amar-te-ei intensa e feliz até que o sol te chame e te lance noutros braços do outro lado do mundo. Vem, meu insondável sono, meu amante castigador, preciso tanto de ti.

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