Primeira aula do dia e da semana,
burburinho e agitação. Dou voz de comando, duas ou três advertências
inequívocas. A agitação acalma-se não sem antes haver reclamações quanto à
minha agora proverbial 'directness'. Depois relembro 'hoje é o dia Internacional
da eliminação da violência contra as mulheres' reagem 'a sério?' Sim. Segue-se
risada e conversa inconsequente, a ligeireza de que a violência é só e apenas
dar na cara de alguém. Levanto a voz irritada e digo-lhes que tenho a certeza
absoluta de que todas as mulheres presentes já tinham sido vítimas de violência
e dei exemplos inspirados num texto que postei no instagram logo pela fresca. Abateu-se um silêncio cúmplice, nem
um remoque ou um reparo, um manto espesso que nos imobilizou por instantes e quando
lhes disse que o silêncio era bastante eloquente, reclamaram que eu hoje estava agressiva, por
outras palavras que não estas. Hoje, como sempre que abordo este assunto,
fiquei com a clara certeza de que vejo apenas a ponta do iceberg quando os tenho à minha frente, e
isto assusta-me. Tanto trabalho rio abaixo
e tão pouco tempo. Levantada a invernia, fomos todos felizes outra vez e
quase me esqueci da acusação da adorável Genoveva no início da aula 'de VERDE,
stora! Nem parece seu!' Não parece mas também não era verde. A negação é uma
coisa extraordinária
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