25 Nov 2019

Dia um a três semanas do fim


Primeira aula do dia e da semana, burburinho e agitação. Dou voz de comando, duas ou três advertências inequívocas. A agitação acalma-se não sem antes haver reclamações quanto à minha agora proverbial 'directness'. Depois relembro 'hoje é o dia Internacional da eliminação da violência contra as mulheres' reagem 'a sério?' Sim. Segue-se risada e conversa inconsequente, a ligeireza de que a violência é só e apenas dar na cara de alguém. Levanto a voz irritada e digo-lhes que tenho a certeza absoluta de que todas as mulheres presentes já tinham sido vítimas de violência e dei exemplos inspirados num texto que postei no instagram logo pela  fresca. Abateu-se um silêncio cúmplice, nem um remoque ou um reparo, um manto espesso que nos imobilizou por instantes e quando lhes disse que o silêncio era bastante eloquente,  reclamaram que eu hoje estava agressiva, por outras palavras que não estas. Hoje, como sempre que abordo este assunto, fiquei com a clara certeza de que vejo apenas a ponta do  iceberg quando os tenho à minha frente, e isto assusta-me. Tanto trabalho rio abaixo  e tão pouco tempo. Levantada a invernia, fomos todos felizes outra vez e quase me esqueci da acusação da adorável Genoveva no início da aula 'de VERDE, stora! Nem parece seu!' Não parece mas também não era verde. A negação é uma coisa extraordinária

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