30 Jul 2020

Crescente

Sem lentes nem óculos, a lua está envolta em névoa enquanto me espreguiço do dia e o deixo partir com a brisa muda. Longe. Vai. Larga-me agora que a noite me abraça num verão fingido e me lambe os braços com a cerimónia dos amores inexperientes. Fecho os olhos como no tempo em que adentrava a noite sem óculos nem lentes e os cerrava em fresta como foco, que mania esta de fechar os olhos para ver melhor, logo à noite em que, dizem, todos os gatos são pardos, como se todos os gatos fossem sempre pardos. Depois procuro na miopia e na névoa a fase da lua. Cresce? Não me sei às vezes.

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