26 Sept 2020

 Vou dormir, penso, dizem os entendidos que estes anúncios servem para autorregularmos o  comportamento, e assim faço, convenço-me de que vou dormir, pode ser que se me afastem inquietações e possa repousar o espírito como abandono os sapatos quando chego a casa.

Assim farei, largo-as ao despir-me e dispo-me delas, e do mundo. Amanhã posso fazer uma máquina de roupa de negritudes e inquietações, expressão tão tola como fazer febre, e deixá-las na centrifugação mais forte, com sorte encolhem para tamanhos insignificantes. Não ladram cães hoje. Não há vento nem vozes.Tanto silêncio que me aninharei nele, despojada de dias e inquietudes, farei como os gatos enrolada em mim mesma a dormir-me-ei numa ode aos pronomes reflexos.

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